Olha que interessante..essa musica não parece ter sido feita pelo Roberto Carlos????
Parece tanto com ele, que me leva a pensar.. todas as músicas do Roberto são mesmo dele? Terá ele um pseudônimo?
Hummm mistério...
Veja vc mesmo:
Você não me ensinou a te esquecer
Não vejo mais você faz tanto tempo
Que vontade que eu sinto
De olhar em seus olhos, ganhar seus abraços
É verdade, eu não minto
E nesse desespero em que me vejo
Já cheguei a tal ponto
De me trocar diversas vezes por você
Só pra ver se te encontro
Você bem que podia perdoar
E só mais uma vez me aceitar
Prometo agora vou fazer por onde nunca mais perdê-la
Agora, que faço eu da vida sem você?
Você não me ensinou a te esquecer
Você só me ensinou a te querer
E te querendo eu vou tentando te encontrar
Vou me perdendo
Buscando em outros braços seus abraços
Perdido no vazio de outros passos
Do abismo em que você se retirou
E me atirou e me deixou aqui sozinho
Agora, que faço eu da vida sem você?
Você não me ensinou a te esquecer
Você só me ensinou a te querer
e te querendo eu vou tentando me encontrar
E nesse desepero em que me vejo
já cheguei a tal ponto
de me trocar diversas vezes por você
só pra ver se te encontro
Você bem que podia perdoar
E só mais uma vez me aceitar
Prometo agora vou fazer por onde nunca mais perdê-la
Agora, que faço eu da vida sem você?
Você não me ensinou a te esquecer
Você só me ensinou a te querer
E te querendo eu vou tentando te encontrar
Vou me perdendo
Buscando em outros braços seus abraços
Perdido no vazio de outros passos
Do abismo em que você se retirou
E me atirou e me deixou aqui sozinho
Agora, que faço eu da vida sem você?
Você não me ensinou a te esquecer
Você só me ensinou a te querer
e te querendo eu vou tentando te encontrar
Vou me perdendo
Buscando em outros braços seus abraços
Perdido no vazio de outros passos
Do abismo em que você se retirou
E me atirou e me deixou aqui sozinho
Agora, que faço eu da vida sem você?
Você não me ensinou a te esquecer
Você só me ensinou a te querer
E te querendo eu vou tentando me encontrar
Os verdadeiros autores:
Caetano Veloso
Composição: Bruno Mattos / Odair José
segunda-feira, junho 25, 2007
quinta-feira, junho 21, 2007
Vem com musica?
Você é a pessoa que você cria...
por Roberto Shinyashiki
Você é o criador da maior obra do universo, sua vida. A única pessoa que pode dar a sua forma final é você mesmo. No passado, seus pais o criaram com a ajuda de avós, professores e todo o contexto que foi sua infância. Eles o
criaram do jeito deles, e fizeram o melhor que puderam. O ruim é quando você simplesmente mantém o que eles fizeram.
A maioria das pessoas é escrava do passado. Vive como se as situações e soluções do passado se repetissem todos os dias, e não se transforma como deveria.
Uma pergunta para pensar:
— Você seria diferente se tivesse tido outros pais ou outra infância?
Provavelmente, você dirá:
— Sim, Roberto, se eu tivesse tido um pai mais compreensivo, seria uma pessoa mais relaxada. Se tivesse tido uma infância mais tranqüila, poderia estar vivendo em paz.
Sabe o que significa essa resposta? Que você ainda não conseguiu se libertar do seu passado. Está na hora de você ser você e dar um basta aos relacionamentos antigos, da infância, da adolescência, da juventude. Você tem de ser você, independentemente de seus pais e de sua infância. Se você não foi amado, procure um jeito de encontrar amor. Se você era inseguro, descubra a coragem dentro de si. Não deixe que o passado defina sua vida!
Aliás, não permita nem que o presente defina sua vida. Pessoas milionárias podem ficar pobres e pessoas pobres podem virar milionárias. Você pode estar vivendo um grande amor, acomodar-se e ficar sozinho. O presente não decide sua vida. O que decide sua vida é seu comprometimento com seus projetos de vida.
Nesse momento, você pode estar abrindo mão de muitos de seus sonhos. E a grande pergunta é: “Quais desses sonhos farão falta?”
"A criação de si próprio é o melhor combustível de sua evolução. É a melhor vacina contra a acomodação"Boa parte das pessoas vive abrindo mão de sonhos.
Quer ver se isso está acontecendo com você? Faça uma lista dos sonhos de sua juventude e escreva todos num papel. Agora quero que você analise essa lista. Quais desses sonhos efetivamente estão fazendo falta para você?
Depois que tiver a resposta, corra atrás desses sonhos porque certamente são eles que darão significado à sua vida.
Talvez um de seus maiores sonhos tenha sido viver um casamento gratificante, um relacionamento em que os dois pudessem crescer, mas hoje você está sozinho. O que é preciso fazer para que daqui a vinte anos você não se
arrependa, de novo, de ter deixado esse sonho para trás?
Muitas pessoas se orgulham de sua capacidade de abrir uma empresa ou escrever um poema, mas se esquecem de criar a si próprias com o mesmo cuidado que colocam em suas metas. São pais que querem que os filhos realizem projetos que eles não conseguiram e que não percebem que a única pessoa que realmente podemos criar somos nós mesmos. Você é a pessoa que você cria... Se não está gostando do resultado, mude! Seu crescimento lhe
dará energia para continuar a percorrer o caminho e ser o grande artista da sua vida.
por Roberto Shinyashiki
Você é o criador da maior obra do universo, sua vida. A única pessoa que pode dar a sua forma final é você mesmo. No passado, seus pais o criaram com a ajuda de avós, professores e todo o contexto que foi sua infância. Eles o
criaram do jeito deles, e fizeram o melhor que puderam. O ruim é quando você simplesmente mantém o que eles fizeram.
A maioria das pessoas é escrava do passado. Vive como se as situações e soluções do passado se repetissem todos os dias, e não se transforma como deveria.
Uma pergunta para pensar:
— Você seria diferente se tivesse tido outros pais ou outra infância?
Provavelmente, você dirá:
— Sim, Roberto, se eu tivesse tido um pai mais compreensivo, seria uma pessoa mais relaxada. Se tivesse tido uma infância mais tranqüila, poderia estar vivendo em paz.
Sabe o que significa essa resposta? Que você ainda não conseguiu se libertar do seu passado. Está na hora de você ser você e dar um basta aos relacionamentos antigos, da infância, da adolescência, da juventude. Você tem de ser você, independentemente de seus pais e de sua infância. Se você não foi amado, procure um jeito de encontrar amor. Se você era inseguro, descubra a coragem dentro de si. Não deixe que o passado defina sua vida!
Aliás, não permita nem que o presente defina sua vida. Pessoas milionárias podem ficar pobres e pessoas pobres podem virar milionárias. Você pode estar vivendo um grande amor, acomodar-se e ficar sozinho. O presente não decide sua vida. O que decide sua vida é seu comprometimento com seus projetos de vida.
Nesse momento, você pode estar abrindo mão de muitos de seus sonhos. E a grande pergunta é: “Quais desses sonhos farão falta?”
"A criação de si próprio é o melhor combustível de sua evolução. É a melhor vacina contra a acomodação"Boa parte das pessoas vive abrindo mão de sonhos.
Quer ver se isso está acontecendo com você? Faça uma lista dos sonhos de sua juventude e escreva todos num papel. Agora quero que você analise essa lista. Quais desses sonhos efetivamente estão fazendo falta para você?
Depois que tiver a resposta, corra atrás desses sonhos porque certamente são eles que darão significado à sua vida.
Talvez um de seus maiores sonhos tenha sido viver um casamento gratificante, um relacionamento em que os dois pudessem crescer, mas hoje você está sozinho. O que é preciso fazer para que daqui a vinte anos você não se
arrependa, de novo, de ter deixado esse sonho para trás?
Muitas pessoas se orgulham de sua capacidade de abrir uma empresa ou escrever um poema, mas se esquecem de criar a si próprias com o mesmo cuidado que colocam em suas metas. São pais que querem que os filhos realizem projetos que eles não conseguiram e que não percebem que a única pessoa que realmente podemos criar somos nós mesmos. Você é a pessoa que você cria... Se não está gostando do resultado, mude! Seu crescimento lhe
dará energia para continuar a percorrer o caminho e ser o grande artista da sua vida.
Passeio Socrático
Passeio Socrático
(Por Frei Beto)
Ao visitar em agosto a admirável obra social de Carlinhos Brown, no Candeal,em Salvador, ouvi-o contar que na infância, vivida ali na pobreza, ele não conheceu a fome. Havia sempre um pouco de farinha, feijão, frutas e hortaliças. "Quem trouxe a fome foi a geladeira", disse.
O eletrodoméstico impôs à família a necessidade do supérfluo: refrigerantes, sorvetes etc. A economia de mercado, centrada no lucro e não nos direitos da população, nos submete ao consumo de símbolos. O valor simbólico da mercadoria figura acima de sua utilidade. Assim, a fome a que se refere Carlinhos Brown é inelutavelmente insaciável. É próprio do humano - e nisso também nos diferenciamos dos animais - manipular o alimento que ingere. A refeição exige preparo, criatividade, e a cozinha é laboratório culinário, como a mesa é missa, no sentido
litúrgico. A ingestão de alimentos por um gato ou cachorro é um atavismo desprovido de arte. Entre humanos, comer exige um mínimo de cerimônia: sentar à mesa
coberta pela toalha, usar talheres, apresentar os pratos com esmero e, sobretudo, desfrutar da companhia de outros comensais. Trata-se de um ritual que possui rubricas indeléveis. Parece-me desumano comer de pé ou sozinho, retirando o alimento diretamente de panela. Marx já havia se dado conta do peso da geladeira. Nos "Manuscritos econômicos e filosóficos" (1844), ele constata que "o valor que cada um possui aos olhos do outro é o valor de seus respectivos bens. Portanto, em
si o homem não tem valor para nós." O capitalismo de tal modo desumaniza que já não somos apenas consumidores, somos também consumidos. As mercadorias que me revestem e os bens simbólicos que me cercam é que determinam meu valor social. Desprovido ou despojado deles, perco o valor, condenado ao mundo ignaro da pobreza e à loucura da exclusão. Para o povo "maori" da Nova Zelândia cada coisa, e não apenas as pessoas, tem alma. Em comunidades tradicionais de África também se encontra essa interação matéria-espírito.
Ora, se dizem a nós que um aborígene cultua uma árvore ou pedra, um totem ou ave, com certeza faremos um olhar de desdém. Mas quantos de nós não cultuam o próprio carro, um determinado vinho guardado na adega, uma jóia?
Assim como um objeto se associa a seu dono nas comunidades tribais, na sociedade de consumo o mesmo ocorre sob a sofisticada égide da grife. Não se compra um vestido, compra-se um Gaultier; não se adquire um carro, e sim uma Ferrari; não se bebe um vinho, mas um Château Margaux. A roupa pode ser a mais horrorosa possível, porém se traz a assinatura de um famoso estilista a gata borralheira transforma-se em cinderela...
Somos consumidos pelas mercadorias na medida em que essa cultura neoliberal nos faz acreditar que delas emana uma energia que nos cobre como uma bendita unção, a de que pertencemos ao mundo dos eleitos, dos ricos, do poder. Pois a avassaladora indústria do consumismo imprime aos objetos uma aura, um espírito, que nos transfigura quando neles tocamos. E se somos privados desse privilégio, o sentimento de exclusão causa frustração, depressão, infelicidade.
Não importa que a pessoa seja imbecil. Revestida de objetos cobiçados, é alçada ao altar dos incensados pela inveja alheia. Ela se torna também objeto, confundida com seus apetrechos e tudo mais que carrega nela mas não é ela: bens, cifrões, cargos etc.
Comércio deriva de "com mercê", com troca. Hoje as relações de consumo são desprovidas de troca, impessoais, não mais mediatizadas pelas pessoas.
Outrora, a quitanda, o boteco, a mercearia, criavam vínculos entre o vendedor e o comprador, e também constituíam o espaço das relações de vizinhança, como ainda ocorre na feira. Agora o supermercado suprime a presença humana. Lá está a gôndola abarrotada de produtos sedutoramente embalados. Ali, a frustração da falta de convívio é compensada pelo consumo supérfluo. "Nada poderia ser maior que a edução" - diz Jean Baudrillard - "nem mesmo a ordem que a destrói."
E a sedução ganha seu supremo canal na compra pela internet. Sem sair da
cadeira o consumidor faz chegar à sua casa todos os produtos que deseja.
Vou com freqüência a livrarias de shoppings. Ao passar diante das lojas e
contemplar os veneráveis objetos de consumo, vendedores se acercam indagando
se necessito algo. "Não, obrigado. Estou apenas fazendo um passeio
socrático", respondo.
Olham-me intrigados. Então explico: Sócrates era um filósofo grego que viveu
séculos antes de Cristo. Também gostava de passear pelas ruas comerciais de
Atenas. E, assediado por vendedores como vocês, respondia: "Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser
feliz".
(Por Frei Beto)
Ao visitar em agosto a admirável obra social de Carlinhos Brown, no Candeal,em Salvador, ouvi-o contar que na infância, vivida ali na pobreza, ele não conheceu a fome. Havia sempre um pouco de farinha, feijão, frutas e hortaliças. "Quem trouxe a fome foi a geladeira", disse.
O eletrodoméstico impôs à família a necessidade do supérfluo: refrigerantes, sorvetes etc. A economia de mercado, centrada no lucro e não nos direitos da população, nos submete ao consumo de símbolos. O valor simbólico da mercadoria figura acima de sua utilidade. Assim, a fome a que se refere Carlinhos Brown é inelutavelmente insaciável. É próprio do humano - e nisso também nos diferenciamos dos animais - manipular o alimento que ingere. A refeição exige preparo, criatividade, e a cozinha é laboratório culinário, como a mesa é missa, no sentido
litúrgico. A ingestão de alimentos por um gato ou cachorro é um atavismo desprovido de arte. Entre humanos, comer exige um mínimo de cerimônia: sentar à mesa
coberta pela toalha, usar talheres, apresentar os pratos com esmero e, sobretudo, desfrutar da companhia de outros comensais. Trata-se de um ritual que possui rubricas indeléveis. Parece-me desumano comer de pé ou sozinho, retirando o alimento diretamente de panela. Marx já havia se dado conta do peso da geladeira. Nos "Manuscritos econômicos e filosóficos" (1844), ele constata que "o valor que cada um possui aos olhos do outro é o valor de seus respectivos bens. Portanto, em
si o homem não tem valor para nós." O capitalismo de tal modo desumaniza que já não somos apenas consumidores, somos também consumidos. As mercadorias que me revestem e os bens simbólicos que me cercam é que determinam meu valor social. Desprovido ou despojado deles, perco o valor, condenado ao mundo ignaro da pobreza e à loucura da exclusão. Para o povo "maori" da Nova Zelândia cada coisa, e não apenas as pessoas, tem alma. Em comunidades tradicionais de África também se encontra essa interação matéria-espírito.
Ora, se dizem a nós que um aborígene cultua uma árvore ou pedra, um totem ou ave, com certeza faremos um olhar de desdém. Mas quantos de nós não cultuam o próprio carro, um determinado vinho guardado na adega, uma jóia?
Assim como um objeto se associa a seu dono nas comunidades tribais, na sociedade de consumo o mesmo ocorre sob a sofisticada égide da grife. Não se compra um vestido, compra-se um Gaultier; não se adquire um carro, e sim uma Ferrari; não se bebe um vinho, mas um Château Margaux. A roupa pode ser a mais horrorosa possível, porém se traz a assinatura de um famoso estilista a gata borralheira transforma-se em cinderela...
Somos consumidos pelas mercadorias na medida em que essa cultura neoliberal nos faz acreditar que delas emana uma energia que nos cobre como uma bendita unção, a de que pertencemos ao mundo dos eleitos, dos ricos, do poder. Pois a avassaladora indústria do consumismo imprime aos objetos uma aura, um espírito, que nos transfigura quando neles tocamos. E se somos privados desse privilégio, o sentimento de exclusão causa frustração, depressão, infelicidade.
Não importa que a pessoa seja imbecil. Revestida de objetos cobiçados, é alçada ao altar dos incensados pela inveja alheia. Ela se torna também objeto, confundida com seus apetrechos e tudo mais que carrega nela mas não é ela: bens, cifrões, cargos etc.
Comércio deriva de "com mercê", com troca. Hoje as relações de consumo são desprovidas de troca, impessoais, não mais mediatizadas pelas pessoas.
Outrora, a quitanda, o boteco, a mercearia, criavam vínculos entre o vendedor e o comprador, e também constituíam o espaço das relações de vizinhança, como ainda ocorre na feira. Agora o supermercado suprime a presença humana. Lá está a gôndola abarrotada de produtos sedutoramente embalados. Ali, a frustração da falta de convívio é compensada pelo consumo supérfluo. "Nada poderia ser maior que a edução" - diz Jean Baudrillard - "nem mesmo a ordem que a destrói."
E a sedução ganha seu supremo canal na compra pela internet. Sem sair da
cadeira o consumidor faz chegar à sua casa todos os produtos que deseja.
Vou com freqüência a livrarias de shoppings. Ao passar diante das lojas e
contemplar os veneráveis objetos de consumo, vendedores se acercam indagando
se necessito algo. "Não, obrigado. Estou apenas fazendo um passeio
socrático", respondo.
Olham-me intrigados. Então explico: Sócrates era um filósofo grego que viveu
séculos antes de Cristo. Também gostava de passear pelas ruas comerciais de
Atenas. E, assediado por vendedores como vocês, respondia: "Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser
feliz".
domingo, junho 17, 2007
Coisas de menina, primeiro post de Junho
Acabo de ler no blog da minha querida amiga, que não deseja se identificar, que ela se sente perdida. Eu poderia ter escrito palavra, por palavra exatamente o mesmo texto.
Poderia enumerar vários casos parecidos com os nossos. Pessoas que sabem onde estão seu norte e mesmo assim decidem por caminhos que as levam cada vez mais para longe do ponto de chegada. Nosso alento comum é sabermos para onde queremos ir e nosso tormento é que não nos livramos das imposições culturais, sociais e todos os nossos pequenos medos para podermos alçar um vôo em direção da barreira que julgamos intransponível chamada ROTINA.
Se pudéssemos simplesmente pular algumas páginas desses capítulos, talvez fosse mais fácil chegar ao fim.
Talvez.
Eu não sou uma admiradora do Paulo Coelho, mas reconheço que ele fez um excelente compêndio de grandes coisas ditas e uma delas é ..O QUE IMPORTA É O CAMINHO.
Viver é uma experiência cheia de paradoxos (Vide Nota 1) e paradigmas que não conseguimos superar. Pq não conseguimos? Pq?! Pq?!
Usando a lógica:
O que eu prezo na minha vida? Eu poderia dizer q são meus familiares, amigos e daí iria partir para gatos e sabe Deus o que mais..
Resumidamente..prezo aquilo que amo, o que sou, a natureza em sua forma mais primitiva, a caridade e o conhecimento.
Admiro o que é belo, cheiroso e que transmita paz.
Então.. que raios eu estou fazendo em um ambiente que não preza nada disso?! Pq raios eu não dedico a maior parte do meu tempo em estar próxima das coisas que eu prezo, contribuindo para que o mundo tenha mais daquilo que eu acho importante e valioso e menos daquilo que eu abomino??
Meus filhos, se é que eu os terei, viverão em um mundo pior do que eu conheço e não se darão conta disso. Se eu não fizer nada agora, eles serão compelidos a estudarem e trabaharem pelos motivos errados.
SER deveria ser mais importante do que TER. Na minha ignorancia humana, estou sempte adiando as minhas possibilidades, mantendo-as as trancadas no campo dos sonhos, onde não corram o risco da decepção e da apatia.
Talvez por isso que queiramos ter filhos,.. acho que em nossos devaneios, percebemos o quão fugaz nossa vida é e que temos que aumentar a nossa possibilidade de fazer tudo aquilo que deixamos p/ trás. Somos uma raça desumana, que cria filhos com metas de serem melhores do que somos, sem termos deixado entretanto, os exemplos.
Sou incapaz de ver uma pessoa com fome e não me sensiblizar. Minha mãe é totalmente assistencialista e toma para si as dores do mundo.
Sou incapaz de olhar um carro velho e não achá-lo maravilhoso. Meu pai é profundo admirador e conhecedor de carros antigos.
Que sementes poderei eu dar aos meus filhos?
Vou mudar um pouco as minhas metas.
1- Passar tempo de muita qualidade com aqueles que eu amo: Ouvindo-os, entendendo-os, aprendendo com eles, motivando-os a encontrarem suas verdades;
2- Ajudar o meio ambiente, começando pela minha casa, depois pela minha rua, quem sabe indo para o meu bairro. Atingindo esse nível, pensar nos próximos.
3- Aprender sobre um assunto novo a cada dia, ou um pouquinho mais sobre um assunto que me auxilie nas metas 1 e 2.
4- Ser mais tolerante comigo, com os outros e com o senso coletivo de velocidade de transformação do mundo.
5 - Ser fiel ao futuro que projeto agora e tratar dessas metas como se fosse uma gestação.
Nota 1: Exemplos de Paradoxos!
Paradoxo do controle: O homem nunca pode estar livre de controle já que ser livre de controle é ser controlado por si mesmo.
Paradoxo do hedonismo: Quando alguém persegue a felicidade, esse alguém é miserável; mas, quando alguém persegue outro objetivo, ele atinge a felicidade.
Paradoxo dos gêmeos: Quando um gêmeo que saiu de viagem retorna, ele está mais novo do que o seu irmão que ficou.
Poderia enumerar vários casos parecidos com os nossos. Pessoas que sabem onde estão seu norte e mesmo assim decidem por caminhos que as levam cada vez mais para longe do ponto de chegada. Nosso alento comum é sabermos para onde queremos ir e nosso tormento é que não nos livramos das imposições culturais, sociais e todos os nossos pequenos medos para podermos alçar um vôo em direção da barreira que julgamos intransponível chamada ROTINA.
Se pudéssemos simplesmente pular algumas páginas desses capítulos, talvez fosse mais fácil chegar ao fim.
Talvez.
Eu não sou uma admiradora do Paulo Coelho, mas reconheço que ele fez um excelente compêndio de grandes coisas ditas e uma delas é ..O QUE IMPORTA É O CAMINHO.
Viver é uma experiência cheia de paradoxos (Vide Nota 1) e paradigmas que não conseguimos superar. Pq não conseguimos? Pq?! Pq?!
Usando a lógica:
O que eu prezo na minha vida? Eu poderia dizer q são meus familiares, amigos e daí iria partir para gatos e sabe Deus o que mais..
Resumidamente..prezo aquilo que amo, o que sou, a natureza em sua forma mais primitiva, a caridade e o conhecimento.
Admiro o que é belo, cheiroso e que transmita paz.
Então.. que raios eu estou fazendo em um ambiente que não preza nada disso?! Pq raios eu não dedico a maior parte do meu tempo em estar próxima das coisas que eu prezo, contribuindo para que o mundo tenha mais daquilo que eu acho importante e valioso e menos daquilo que eu abomino??
Meus filhos, se é que eu os terei, viverão em um mundo pior do que eu conheço e não se darão conta disso. Se eu não fizer nada agora, eles serão compelidos a estudarem e trabaharem pelos motivos errados.
SER deveria ser mais importante do que TER. Na minha ignorancia humana, estou sempte adiando as minhas possibilidades, mantendo-as as trancadas no campo dos sonhos, onde não corram o risco da decepção e da apatia.
Talvez por isso que queiramos ter filhos,.. acho que em nossos devaneios, percebemos o quão fugaz nossa vida é e que temos que aumentar a nossa possibilidade de fazer tudo aquilo que deixamos p/ trás. Somos uma raça desumana, que cria filhos com metas de serem melhores do que somos, sem termos deixado entretanto, os exemplos.
Sou incapaz de ver uma pessoa com fome e não me sensiblizar. Minha mãe é totalmente assistencialista e toma para si as dores do mundo.
Sou incapaz de olhar um carro velho e não achá-lo maravilhoso. Meu pai é profundo admirador e conhecedor de carros antigos.
Que sementes poderei eu dar aos meus filhos?
Vou mudar um pouco as minhas metas.
1- Passar tempo de muita qualidade com aqueles que eu amo: Ouvindo-os, entendendo-os, aprendendo com eles, motivando-os a encontrarem suas verdades;
2- Ajudar o meio ambiente, começando pela minha casa, depois pela minha rua, quem sabe indo para o meu bairro. Atingindo esse nível, pensar nos próximos.
3- Aprender sobre um assunto novo a cada dia, ou um pouquinho mais sobre um assunto que me auxilie nas metas 1 e 2.
4- Ser mais tolerante comigo, com os outros e com o senso coletivo de velocidade de transformação do mundo.
5 - Ser fiel ao futuro que projeto agora e tratar dessas metas como se fosse uma gestação.
Nota 1: Exemplos de Paradoxos!
Paradoxo do controle: O homem nunca pode estar livre de controle já que ser livre de controle é ser controlado por si mesmo.
Paradoxo do hedonismo: Quando alguém persegue a felicidade, esse alguém é miserável; mas, quando alguém persegue outro objetivo, ele atinge a felicidade.
Paradoxo dos gêmeos: Quando um gêmeo que saiu de viagem retorna, ele está mais novo do que o seu irmão que ficou.
quarta-feira, junho 13, 2007
Atenção na menininha
http://www.youtube.com/watch?v=En0A8KGMgq8&eurl=http%3A%2F%2Fperezhilton%2Ecom%2Findex%2Ephp%3Fpage%3D5
Que coisa mais fofa!
Que coisa mais fofa!
domingo, junho 10, 2007
quinta-feira, junho 07, 2007
Anjinho do Cesar
53 - NANEL
quem nasce sob a influência deste anjo é uma pessoa de profunda religiosidade, que tem vocação para desenvolver-se em assuntos místicos e até fazer disso sua profissão. Seu jeito carinhoso, sincero e sensível com que trata as pessoas já demonstra sua espiritualidade. No dia-a-dia faz tudo com calma, gosta de meditar e foge de ambientes barulhentos e estressantes. Como tem poder de influenciar as pessoas, consegue se sair bem em qualquer tipo de trabalho que, de alguma forma, lide direta ou indiretamente com o público. No amor: tem um gênio forte e um tanto impulsivo e no amor não é diferente, da mesma maneira que deseja muito alguém um dia, no outro pode terminar uma relação sem maiores explicações. Gosta muito de sentir a força de paixão, mas com o tempo se afasta de badalações e se isola, até que o amor surja em sua vida.
quem nasce sob a influência deste anjo é uma pessoa de profunda religiosidade, que tem vocação para desenvolver-se em assuntos místicos e até fazer disso sua profissão. Seu jeito carinhoso, sincero e sensível com que trata as pessoas já demonstra sua espiritualidade. No dia-a-dia faz tudo com calma, gosta de meditar e foge de ambientes barulhentos e estressantes. Como tem poder de influenciar as pessoas, consegue se sair bem em qualquer tipo de trabalho que, de alguma forma, lide direta ou indiretamente com o público. No amor: tem um gênio forte e um tanto impulsivo e no amor não é diferente, da mesma maneira que deseja muito alguém um dia, no outro pode terminar uma relação sem maiores explicações. Gosta muito de sentir a força de paixão, mas com o tempo se afasta de badalações e se isola, até que o amor surja em sua vida.
Meu anjo
39 - REHAEL
você tem toda a tranquilidade de constituir uma família harmoniosa e assim batalharem juntos pelos seus sonhos. No seu dia-a-dia sua missão sempre lhe tomará bastante tempo, pois sempre estará envolvida com pessoas doentes do corpo, que necessitam de ajuda material e doentes da alma, com graves problemas espirituais e que você tem capacidade para ajudar a curar. Seu otlmismo é sua chave para tudo e sua criatividade a faz encontrar os melhores caminhos espirituais na solução de problemas. No amor: quando está apaixonada, vai fundo na relação e não permite que ninguém interfira na sua escolha. Quer mesmo é ser feliz e arrisca seu coração nas paixões que vive, sem medo. Costuma se casar ainda jovem e seu relacionamento é envolvido por muita sinceridade, dedicação e uma boa dose de perdão da sua parte.
você tem toda a tranquilidade de constituir uma família harmoniosa e assim batalharem juntos pelos seus sonhos. No seu dia-a-dia sua missão sempre lhe tomará bastante tempo, pois sempre estará envolvida com pessoas doentes do corpo, que necessitam de ajuda material e doentes da alma, com graves problemas espirituais e que você tem capacidade para ajudar a curar. Seu otlmismo é sua chave para tudo e sua criatividade a faz encontrar os melhores caminhos espirituais na solução de problemas. No amor: quando está apaixonada, vai fundo na relação e não permite que ninguém interfira na sua escolha. Quer mesmo é ser feliz e arrisca seu coração nas paixões que vive, sem medo. Costuma se casar ainda jovem e seu relacionamento é envolvido por muita sinceridade, dedicação e uma boa dose de perdão da sua parte.
sábado, junho 02, 2007
Mamma África
Mamma África
Daiane dos Santos: 40% européia. Neguinho da Beija Flor: 67% europeu. Djavan: 30% europeu. Os números, divulgados com um bocado de alarde pela rede BBC Brasil ao longo da semana que passou, vieram de um teste de ancestralidade conduzido por Sergio Danilo Pena, pesquisador da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e um dos principais geneticistas do Brasil. Como a idéia do teste de DNA, feito com nove celebridades negras brasileiras, era redescobrir as origens africanas dos famosos, houve quem ficasse com um certo gosto de cabo de guarda-chuva na boca. Falou-se até em boicote “da elite científica” ao recém-criado sistema de cotas nas universidades. À primeira vista, circular com uma camiseta levando os dizeres “100% Negro” no Brasil virou uma impossibilidade lógica.
Por mais interessantes que os resultados tenham sido, porém, colocar a questão em termos de desafio às cotas ou orgulho racial equivale a se render a uma falácia. Para começo de conversa, se o polêmico “100% Negro” fosse trocado por “100% Africano”, a lógica ditaria que cada pessoa deste país – aliás, deste planeta – vestisse tal camisa.
Parece maluco, mas é a mais pura verdade. A explosão de estudos sobre as raízes genéticas da humanidade nas últimas décadas tem traçado um quadro surpreendente sobre como as populações estão aparentadas umas às outras. Nenhum conceito estanque e fechado de “raça” é capaz de ficar em pé diante desses dados, embora eles também ressaltem que existem de fato algumas particularidades únicas dos povos de cada continente. Acima de tudo, eles não deixam muita dúvida quanto ao fato de que até os suecos ou esquimós são profundamente africanos.
Para entender o porquê dessa afirmação aparentemente exagerada, é preciso recuar até 100 mil anos no passado, uma época em que a nossa espécie, Homo sapiens, já existia – e quase deixou de existir. Uma herança dessa época é que as variações presentes hoje no DNA dos vários povos são absurdamente pequenas: na verdade, quaisquer dois seres humanos escolhidos ao acaso são, em média, duas vezes mais parecidos geneticamente entre si do que qualquer par de chimpanzés, nossos primos evolutivos mais próximos.
No entanto (para azar do planeta), nós somos bem mais numerosos do que chimpanzés. O único jeito de uma espécie com 6 bilhões de membros ser tão uniforme é fazer com que seus membros descendam de um número reduzido de ancestrais recentes. (Imagine dois casais de avós cujos filhos se casaram entre si e lhes deram uns 30 netos: apesar da explosão populacional, todos esses netos continuam sendo primos de primeiro grau – portanto, muito parecidos.) O termo técnico para isso é “gargalo populacional”. É possível estimar que, há 100 mil anos, a espécie humana contava com apenas uns 2.000 adultos em idade de se reproduzir, sendo tão rara quanto os gorilas são hoje. É desse punhado de “Adões” e “Evas”, provavelmente espalhados pelo leste e pelo sul da África, que descendemos todos nós.
Por sorte ou por competência, atravessamos o gargalo. A partir de uns 60 mil anos atrás, passamos a nos estabelecer em definitivo em outras partes do mundo, provavelmente absorvendo pequenas frações da herança genética de outras populações humanas primitivas, como os neandertais da Europa. Acontece, porém, que quase 100 mil anos de nossa história como espécie já tinham sido passados no interior da África antes que finalmente fosse dado o Grande Salto para Fora do continente.
Em biologia, o tempo é tudo. Os incontáveis milênios de evolução exclusivamente africana permitiram uma diferenciação muito maior das populações que vivem no continente. E o resultado é que, se a disputa por quem tem mais diversidade genética no planeta fosse uma espécie de Copa do Mundo por continentes, a final já estaria definida antes que a bola rolasse: África contra... a rapa. E o resto do planeta perderia de goleada.
Não é preciso nem descer às minúcias do DNA pra bater o martelo em relação a isso. Basta olhar para o rosto e para a pele dos habitantes de cada continente. Das seis grandes divisões “raciais” (por favor, deixe o termo recheado com o maior número possível de aspas) nas quais podemos repartir a humanidade, nada menos que cinco vivem na África moderna.
“Hã?”, balbuciará você. Calma. Conte comigo. Brancos: presentes. (Egípcios, líbios, marroquinos e outros norte-africanos, pra ser mais exato.). Asiáticos: presentes. (A maior parte dos habitantes de Madagascar, na África Oriental, descende de indonésios que chegaram à ilha há menos de 2.000 anos.) Negros: claro, presentes, nem vou me estender a respeito. De quebra, dois ramos da humanidade, com histórias antiqüíssimas e sem nenhum análogo fora da região, são exclusivos do continente africano. São os pigmeus – pequenos, de pele mais clara que os negros “verdadeiros” e unicamente adaptados à vida na floresta tropical – e os khoisan do sul da África (donos de uma estranha pele amarelada e olhos “puxados”, combinados com um cabelo mais crespo do que o de qualquer negro.)
Vamos encarar os fatos: perto dessa diversidade, todo o resto de nós não passa de uma nota de rodapé evolutiva, um bando de arrivistas. A lingüística traz outra prova irônica disso, a qual deveria ser capaz de acabar com qualquer orgulho europeu diante do “atraso” africano. Três idiomas que ajudaram a construir os pilares da civilização ocidental – o hebraico, o aramaico e o árabe, as línguas sagradas da Bíblia e do Corão – pertencem à família lingüística semita. (O nome vem de Sem, um dos filhos de Noé, segundo a Bíblia.) Acontece que a distribuição geográfica dos idiomas semíticos, bem como a dos parentes mais próximos dessa família, indica uma origem africana muito antiga e uma migração posterior para o Oriente Médio. Sem, pelo visto, viveu na Etiópia.
Levando tudo isso em mente, o que dizer então das diferenças aparentemente tão berrantes entre brancos e negros, negros e asiáticos? Primeiro, que elas correspondem a uma fração relativamente diminuta da biblioteca biológica que é o nosso DNA. Das dezenas de milhares de genes que carregamos, talvez apenas algumas dezenas deles sejam suficientes para criar toda a paleta de olhos azuis e castanhos, peles escuras ou rosadas, cabelos lisos ou crespos que conhecemos.
Mais importante ainda, quando as aparências são deixadas de lado e descemos ao nível dos genes, fica bastante claro que as diferenças entre populações são, em muitos casos, uma questão de grau, e não de diferenciação absoluta: as freqüências de determinada variante de um gene, por exemplo, não são de forma alguma 100% do lado da fronteira onde há uma “raça” e 0% do outro, onde vive outra “raça”: na maioria dos casos, há uma gradação suave que indica, quase sempre, história compartilhada e miscigenação.
Isso não significa que as diferenças não existam, ou sejam totalmente irrelevantes. Muitas populações humanas foram separadas de seus vizinhos por barreiras naturais ou sociais, enfrentando ambientes únicos, com desafios próprios. A doença conhecida como anemia falciforme só afeta mais as pessoas de origem africana porque o gene que a causa também tem um efeito benéfico: protege-os da malária, um problema que não afeta povos de regiões mais frias. Por outro lado, os povos da Europa Ocidental conseguem digerir leite fresco quando adultos graças a uma mutação muito rara entre os japoneses e chineses – isso porque os europeus foram pioneiros em criar vacas leiteiras, e seu organismo tinha todo o interesse em explorar esse recurso. Diferenças desse tipo mostram como algumas dezenas de milhares de anos de história deram um sabor próprio à diversidade humana de cada continente.
Nada do que sabemos hoje indica que a velha e nefasta associação entre a genética e a capacidade inata das pessoas de cada “raça” seja mais do que história para boi dormir. É claro que o trabalho científico é por definição provisório, e uma descoberta desse tipo talvez apareça com uma compreensão mais profunda do genoma humano.
A pergunta é: será que deveríamos temer que isso aconteça? A resposta racional deveria ser “não”. Se é impossível negar que nossa bagagem inata tem um impacto sobre a forma como pensamos e nos comportamos, também está claro que nosso trunfo como espécie é uma plasticidade fantástica. Os netos de agricultores pisaram na Lua; indígenas cujos pais viviam na Idade da Pedra pilotam helicópteros. Debaixo do verniz da nossa pele, o que transparece mesmo é a nossa potencialidade estonteante – e a nossa unidade como espécie.
Reinaldo José Lopes
Daiane dos Santos: 40% européia. Neguinho da Beija Flor: 67% europeu. Djavan: 30% europeu. Os números, divulgados com um bocado de alarde pela rede BBC Brasil ao longo da semana que passou, vieram de um teste de ancestralidade conduzido por Sergio Danilo Pena, pesquisador da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e um dos principais geneticistas do Brasil. Como a idéia do teste de DNA, feito com nove celebridades negras brasileiras, era redescobrir as origens africanas dos famosos, houve quem ficasse com um certo gosto de cabo de guarda-chuva na boca. Falou-se até em boicote “da elite científica” ao recém-criado sistema de cotas nas universidades. À primeira vista, circular com uma camiseta levando os dizeres “100% Negro” no Brasil virou uma impossibilidade lógica.
Por mais interessantes que os resultados tenham sido, porém, colocar a questão em termos de desafio às cotas ou orgulho racial equivale a se render a uma falácia. Para começo de conversa, se o polêmico “100% Negro” fosse trocado por “100% Africano”, a lógica ditaria que cada pessoa deste país – aliás, deste planeta – vestisse tal camisa.
Parece maluco, mas é a mais pura verdade. A explosão de estudos sobre as raízes genéticas da humanidade nas últimas décadas tem traçado um quadro surpreendente sobre como as populações estão aparentadas umas às outras. Nenhum conceito estanque e fechado de “raça” é capaz de ficar em pé diante desses dados, embora eles também ressaltem que existem de fato algumas particularidades únicas dos povos de cada continente. Acima de tudo, eles não deixam muita dúvida quanto ao fato de que até os suecos ou esquimós são profundamente africanos.
Para entender o porquê dessa afirmação aparentemente exagerada, é preciso recuar até 100 mil anos no passado, uma época em que a nossa espécie, Homo sapiens, já existia – e quase deixou de existir. Uma herança dessa época é que as variações presentes hoje no DNA dos vários povos são absurdamente pequenas: na verdade, quaisquer dois seres humanos escolhidos ao acaso são, em média, duas vezes mais parecidos geneticamente entre si do que qualquer par de chimpanzés, nossos primos evolutivos mais próximos.
No entanto (para azar do planeta), nós somos bem mais numerosos do que chimpanzés. O único jeito de uma espécie com 6 bilhões de membros ser tão uniforme é fazer com que seus membros descendam de um número reduzido de ancestrais recentes. (Imagine dois casais de avós cujos filhos se casaram entre si e lhes deram uns 30 netos: apesar da explosão populacional, todos esses netos continuam sendo primos de primeiro grau – portanto, muito parecidos.) O termo técnico para isso é “gargalo populacional”. É possível estimar que, há 100 mil anos, a espécie humana contava com apenas uns 2.000 adultos em idade de se reproduzir, sendo tão rara quanto os gorilas são hoje. É desse punhado de “Adões” e “Evas”, provavelmente espalhados pelo leste e pelo sul da África, que descendemos todos nós.
Por sorte ou por competência, atravessamos o gargalo. A partir de uns 60 mil anos atrás, passamos a nos estabelecer em definitivo em outras partes do mundo, provavelmente absorvendo pequenas frações da herança genética de outras populações humanas primitivas, como os neandertais da Europa. Acontece, porém, que quase 100 mil anos de nossa história como espécie já tinham sido passados no interior da África antes que finalmente fosse dado o Grande Salto para Fora do continente.
Em biologia, o tempo é tudo. Os incontáveis milênios de evolução exclusivamente africana permitiram uma diferenciação muito maior das populações que vivem no continente. E o resultado é que, se a disputa por quem tem mais diversidade genética no planeta fosse uma espécie de Copa do Mundo por continentes, a final já estaria definida antes que a bola rolasse: África contra... a rapa. E o resto do planeta perderia de goleada.
Não é preciso nem descer às minúcias do DNA pra bater o martelo em relação a isso. Basta olhar para o rosto e para a pele dos habitantes de cada continente. Das seis grandes divisões “raciais” (por favor, deixe o termo recheado com o maior número possível de aspas) nas quais podemos repartir a humanidade, nada menos que cinco vivem na África moderna.
“Hã?”, balbuciará você. Calma. Conte comigo. Brancos: presentes. (Egípcios, líbios, marroquinos e outros norte-africanos, pra ser mais exato.). Asiáticos: presentes. (A maior parte dos habitantes de Madagascar, na África Oriental, descende de indonésios que chegaram à ilha há menos de 2.000 anos.) Negros: claro, presentes, nem vou me estender a respeito. De quebra, dois ramos da humanidade, com histórias antiqüíssimas e sem nenhum análogo fora da região, são exclusivos do continente africano. São os pigmeus – pequenos, de pele mais clara que os negros “verdadeiros” e unicamente adaptados à vida na floresta tropical – e os khoisan do sul da África (donos de uma estranha pele amarelada e olhos “puxados”, combinados com um cabelo mais crespo do que o de qualquer negro.)
Vamos encarar os fatos: perto dessa diversidade, todo o resto de nós não passa de uma nota de rodapé evolutiva, um bando de arrivistas. A lingüística traz outra prova irônica disso, a qual deveria ser capaz de acabar com qualquer orgulho europeu diante do “atraso” africano. Três idiomas que ajudaram a construir os pilares da civilização ocidental – o hebraico, o aramaico e o árabe, as línguas sagradas da Bíblia e do Corão – pertencem à família lingüística semita. (O nome vem de Sem, um dos filhos de Noé, segundo a Bíblia.) Acontece que a distribuição geográfica dos idiomas semíticos, bem como a dos parentes mais próximos dessa família, indica uma origem africana muito antiga e uma migração posterior para o Oriente Médio. Sem, pelo visto, viveu na Etiópia.
Levando tudo isso em mente, o que dizer então das diferenças aparentemente tão berrantes entre brancos e negros, negros e asiáticos? Primeiro, que elas correspondem a uma fração relativamente diminuta da biblioteca biológica que é o nosso DNA. Das dezenas de milhares de genes que carregamos, talvez apenas algumas dezenas deles sejam suficientes para criar toda a paleta de olhos azuis e castanhos, peles escuras ou rosadas, cabelos lisos ou crespos que conhecemos.
Mais importante ainda, quando as aparências são deixadas de lado e descemos ao nível dos genes, fica bastante claro que as diferenças entre populações são, em muitos casos, uma questão de grau, e não de diferenciação absoluta: as freqüências de determinada variante de um gene, por exemplo, não são de forma alguma 100% do lado da fronteira onde há uma “raça” e 0% do outro, onde vive outra “raça”: na maioria dos casos, há uma gradação suave que indica, quase sempre, história compartilhada e miscigenação.
Isso não significa que as diferenças não existam, ou sejam totalmente irrelevantes. Muitas populações humanas foram separadas de seus vizinhos por barreiras naturais ou sociais, enfrentando ambientes únicos, com desafios próprios. A doença conhecida como anemia falciforme só afeta mais as pessoas de origem africana porque o gene que a causa também tem um efeito benéfico: protege-os da malária, um problema que não afeta povos de regiões mais frias. Por outro lado, os povos da Europa Ocidental conseguem digerir leite fresco quando adultos graças a uma mutação muito rara entre os japoneses e chineses – isso porque os europeus foram pioneiros em criar vacas leiteiras, e seu organismo tinha todo o interesse em explorar esse recurso. Diferenças desse tipo mostram como algumas dezenas de milhares de anos de história deram um sabor próprio à diversidade humana de cada continente.
Nada do que sabemos hoje indica que a velha e nefasta associação entre a genética e a capacidade inata das pessoas de cada “raça” seja mais do que história para boi dormir. É claro que o trabalho científico é por definição provisório, e uma descoberta desse tipo talvez apareça com uma compreensão mais profunda do genoma humano.
A pergunta é: será que deveríamos temer que isso aconteça? A resposta racional deveria ser “não”. Se é impossível negar que nossa bagagem inata tem um impacto sobre a forma como pensamos e nos comportamos, também está claro que nosso trunfo como espécie é uma plasticidade fantástica. Os netos de agricultores pisaram na Lua; indígenas cujos pais viviam na Idade da Pedra pilotam helicópteros. Debaixo do verniz da nossa pele, o que transparece mesmo é a nossa potencialidade estonteante – e a nossa unidade como espécie.
Reinaldo José Lopes
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