domingo, janeiro 27, 2008

Mais Marchinhas!

A JARDINEIRA
(Benedito Lacerda-Humberto Porto, 1938)

Ó jardineira porque estás tão triste
Mas o que foi que te aconteceu
Foi a camélia que caiu do galho
Deu dois suspiros e depois morreu

Vem jardineira vem meu amor
Não fiques triste que este mundo é todo seu
Tu és muito mais bonita
Que a camélia que morreu

JOUJOUX E BALAGANDÃS
(Lamartine Babo, 1939)

Joujoux, joujoux? Que é meu balagandã?
Aqui estou eu Aí estás tu
Minha joujoux Meu balagandã
Nós dois Depois
O sol do amor que manhãs
De braços dados Dois namorados
Já sei Joujoux Balagandãs

Seja em Paris Ou nos Brasis
Mesmo distantes Somos constantes
Tudo nos une Que coisa rara
No amor nada nos separa

LINDA LOURINHA
(Braguinha, 1933)

Lourinha, lourinha
Dos olhos claros de cristal
Desta vez em vez da moreninha
Serás a rainha do meu carnaval

Loura boneca
Que vens de outra terra
Que vens da Inglaterra
Ou que vens de Paris
Quero te dar
O meu amor mais quente
Do que o sol ardente
Deste meu país

Linda loirinha
Tens o olhar tão claro
Deste azul tão raro
Como um céu de anil
Mas as tuas faces
Vão ficar morenas
Como as das pequenas
Deste meu Brasil

LINDA MORENA
(Lamartine Babo, 1932)

Linda morena, morena
Morena que me faz penar
A lua cheia que tanto brilha
Não brilha tanto quanto o teu olhar

Tu és morena uma ótima pequena
Não há branco que não perca até o juízo
Onde tu passas
Sai às vezes bofetão
Toda gente faz questão
Do teu sorriso

Teu coração é uma espécie de pensão
De pensão familiar à beira-mar
Oh! Moreninha, não alugues tudo não
Deixe ao menos o porão pra eu morar

Por tua causa já se faz revolução
Vai haver transformação na cor da lua
Antigamente a mulata era a rainha
Desta vez, ó moreninha, a taça é tua

MADEIRA QUE CUPIM NÃO RÓI
(Capiba -1963)

Madeira do Rosarinho
Vem à cidade sua fama mostrar
E traz com seu pessoal
Seu estandarte tão original
Não vem pra fazer barulho
É só dizer e com satisfação
Queiram ou não queiram os juízes
O nosso bloco é de fato campeão

E se aqui estamos cantando essa canção
Viemos defender a nossa tradição
E dizer bem alto que a injustiça dói
Nós somos madeira de lei que cupim não rói

MAMÃE EU QUERO
(Jararaca-Vicente Paiva, 1936)

Mamãe eu quero, mamãe eu quero
Mamãe eu quero mamar
Dá a chupeta, dá a chupeta
Dá a chupeta pro bebe não chorar

Dorme filhinho do meu coração
Pega a mamadeira e vem entrá pro meu cordão
Eu tenho uma irmã que se chama Ana
De piscar o olho já ficou sem a pestana

Olho as pequenas mas daquele jeito
Tenho muita pena não ser criança de peito
Eu tenho uma irmã que é fenomenal
Ela é da bossa e o marido é um boçal

MARCHA DO REMADOR
(Antônio Almeida - 1969)

Se a canoa não virar olê olê olá
Eu chego lá

Rema rema rema remador
Quero ver depressa o meu amor
Se eu chegar depois do sol raiar
Ela bota outro em meu lugar

MARCHA DO CORDÃO DO BOLA PRETA
(Nelson Barbosa - Vicente Paiva, 1962)

Quem não chora não mama
Segura meu bem a chupeta
Lugar quente é na cama
Ou então no Bola Preta

Vem pro Bola meu bem
Com alegria inferna
Todos são de coração
Todos são de coração
Foliões do carnaval
(Sensacional!)

MÁSCARA NEGRA
(Zé Keti-Pereira Mattos, 1966)

Quanto riso oh quanta alegria
Mais de mil palhaços no salão
Arlequim está chorando
Pelo amor da colombina
No meio da multidão

Foi bom te ver outra vez
Está fazendo um ano
Foi no carnaval que passou
Eu sou aquele pierrô
Que te abraçou e te beijou meu amor
Na mesma máscara negra
Que esconde o teu rosto
Eu quero matar a saudade
Vou beijar-te agora
Não me leve a mal
Hoje é carnaval

ME DÁ UM DINHEIRO AÍ
(Ivan Ferreira-Homero Ferreira-Glauco Ferreira, 1959)

Ei, você aí!
Me dá um dinheiro aí!
Me dá um dinheiro aí!

Não vai dar?
Não vai dar não?
Você vai ver a grande confusão
Que eu vou fazer bebendo até cair
Me dá me dá me dá, ô!
Me dá um dinheiro aí!

A MULATA É A TAL
(Braguinha-Antônio Almeida, 1947)

Branca é branca preta é preta
Mas a mulata é a tal, é a tal!

Quando ela passa todo mundo grita:
"Eu tô aí nessa marmita!"
Quando ela bole com os seus quadris
Eu bato palmas e peço bis

Ai mulata, cor de canela!
Salve salve salve salve salve ela!

MULATA IÊ IÊ IÊ
(João Roberto Kelly, 1964)

Mulata bossa nova
Caiu no hully gully
E só dá ela
Ê ê ê ê ê ê ê ê
Na passarela

A boneca está
Cheia de fiufiu
Esnobando as louras
E as morenas do Brasil

O TEU CABELO NÃO NEGA
(Lamartine Babo-Irmãos Valença, 1931)

O teu cabelo não nega mulata
Porque és mulata na cor
Mas como a cor não pega mulata
Mulata eu quero o teu amor

Tens um sabor bem do Brasil
Tens a alma cor de anil
Mulata mulatinha meu amor
Fui nomeado teu tenente interventor

Quem te inventou meu pancadão
Teve uma consagração
A lua te invejando faz careta
Porque mulata tu não és deste planeta

Quando meu bem vieste à terra
Portugal declarou guerra
A concorrência então foi colossal
Vasco da gama contra o batalhão naval

PASTORINHAS
(Noel Rosa-Braguinha, 1934)

A estrela d'alva no céu desponta
E a lua anda tonta com tamanho esplendor
E as pastorinhas pra consolo da lua
Vão cantando na rua lindos versos de amor

Linda pastora morena da cor de madalena
Tu não tens pena de mim
Que vivo tonto com o teu olhar
Linda criança tu não me sais da lembrança
Meu coração não se cansa
De sempre sempre te amar

PÉ DE ANJO
(Sinhô, 1920)

Eu tenho uma tesourinha
Que corta ouro e marfim
Serve também pra cortar
Línguas que falam de mim

O pé de anjo, o pé de anjo
És rezador, és rezador
Tens o pé tão grande
Que és capaz de pisar nosso senhor

A mulher e a galinha
São dois bichos interesseiros
A galinha pelo milho
E a mulher pelo dinheiro


PIERRÔ APAIXONADO
(Noel Rosa-Heitor dos Prazeres, 1935)

Um pierrô apaixonado
Que vivia só cantando
Por causa de uma colombina
Acabou chorando, acabou chorando

A colombina entrou num butiquim
Bebeu, bebeu, saiu assim, assim
Dizendo: pierrô cacete
Vai tomar sorvete com o arlequim

Um grande amor tem sempre um triste fim
Com o pierrô aconteceu assim
Levando esse grande chute
Foi tomar vermute com amendoim

PIRATA DA PERNA DE PAU
(Braguinha, 1946)

Eu sou o pirata da perna de pau
Do olho de vidro da cara de mau

Minha galera
Dos verdes mares não teme o tufão
Minha galera
Só tem garotas na guarnição
Por isso se outro pirata
Tenta a abordagem eu pego o facão
E grito do alto da popa:
Opa! homem não!

QUEM SABE, SABE
(Jota Sandoval-Carvalhinho, 1955)

Quem sabe, sabe
Conhece bem
Como é gostoso
Gostar de alguém

Ai morena deixa eu gostar de você
Boêmio sabe beber
boêmio também tem querer

SABE LÁ O QUE É ISSO
(HINO DOS BATUTAS DE SÃO JOSÉ)

Eu quero entrar na folia meu bem
Você sabe lá o que é isso
Batutas de São José isto é
Parece que tem feitiço
Batutas têm atrações que
Ninguém pode resistir
Num frevo desses que faz
Demais a gente se distinguir

Deixa o frevo rolar
Eu só quero saber
Se você vai ficar
Ai meu bem sem você não há carnaval
Vamos cair no passo e a vida gozar

SACA-ROLHA
(Zé da Zilda-Zilda do Zé-Waldir Machado, 1953)

As águas vão rolar
Garrafa cheia eu não quero ver sobrar
Eu passo mão na saca saca saca rolha
E bebo até me afogar
Deixa as águas rolar

Se a polícia por isso me prender
Mas na última hora me soltar
Eu pego o saca saca saca rolha
Ninguém me agarra ninguém me agarra

SASSARICANDO
(Luiz Antônio, Zé Mário e Oldemar Magalhães, 1951)

Sassassaricando
Todo mundo leva a vida no arame
Sassassaricando
A viúva o brotinho e a madame
O velho na porta da Colombo
É um assombro
Sassaricando

Quem não tem seu sassarico
Sassarica mesmo só
Porque sem sassaricar
Essa vida é um nó

TA-HÍ!
(Joubert de Carvalho, 1930)

Taí eu fiz tudo pra você gostar de mim
Ai meu bem não faz assim comigo não
Você tem você tem que me dar seu coração

Meu amor não posso esquecer
Se dá alegria faz também sofrer
A minha vida foi sempre assim
Só chorando as mágoas que não têm fim

Essa história de gostar de alguém
Já é mania que as pessoas têm
Se me ajudasse Nosso Senhor
Eu não pensaria mais no amor

TOURADAS EM MADRI
(Braguinha-Alberto Ribeiro, 1937)

Eu fui às touradas em Madri
E quase não volto mais aqui
Pra ver Peri beijar Ceci
Eu conheci uma espanhola natural da Catalunha
Queria que eu tocasse castanhola e pegasse touro à unha
Caramba caracoles sou do samba não me amoles
Por Brasil eu vou fugir
Isto é conversa mole para boi dormir

VACA AMARELA
(Lamartine Babo/Carlos Netto, 1938)

A vaca amarela pulou a janela
Mexeu, tanto mexeu
Que até quebrou a tal tigela

A minha casa tem quintal pro morro
Com um bangalô que eu fiz pro meu cachorro
Do lado esquerdo tem uma cancela
Toda escangalhada pela tal vaca amarela

Dizem que a vaca veio da montanha
Veio de Minas, lá do Mar de Espanha
Vaca espanhola natural de Minas
Que na Catalunha cata boi com serpentina

VAI COM JEITO
(Braguinha, 1956)

Vai com jeito vai
Se não um dia a casa cai (menina)

Se alguém te convidar
Pra tomar banho em Paquetá
Pra piquenique na Barra da Tijuca
Ou pra fazer um programa no Joá
Menina...

VÍRGULA
(Alberto Ribeiro-Erastótenes Frazão)

Teu amor é fatal - vírgula
Qual mulher sensacional - ponto e vírgula
Queres dar teu coração - interrogação
Que pecado original - exclamação

Teu amor é fatal - vírgula
Qual mulher sensacional - ponto e vírgula
Queres dar teu coração mas comigo não
Ponto final

Teu amor entre aspas
Já consegui descrever
Reticências reticências
Agora adivinhe o que eu quero dizer

YES, NÓS TEMOS BANANAS
(Braguinha-Alberto Ribeiro, 1937)

Yes, nós temos bananas
Bananas pra dar e vender
Banana menina tem vitamina
Banana engorda e faz crescer

Vai para a França o café, pois é
Para o Japão o algodão, pois não
Pro mundo inteiro, homem ou mulher
Bananas para quem quiser

Mate para o Paraguai
Ouro do bolso da gente não sai
Somos da crise, se ela vier
Bananas para quem quiser

TURMA DO FUNIL

Chegou a turma do funil
Todo mundo bebe
Mas ninguém dorme no ponto
Aí, aí, ninguém dorme no ponto
Nós é que bebemos e eles que ficam tontos

Eu bebo, sem compromisso,
com meu dinheiro, ninguém tem nada com isso
Aonde houver garrafa, aonde houver barril
Presente está a turma do funil

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